Como a contabilidade societária se adapta às mudanças tributárias e garante a sustentabilidade das empresas.

A contabilidade societária é um dos alicerces mais importantes para a estrutura e a administração das empresas, sendo mais do que uma obrigação legal, é um instrumento fundamental para a organização financeira, a governança corporativa e a tomada de decisões estratégicas, com o seu papel além do registro de transações, pois garante a transparência das operações e a confiabilidade das informações que orientam gestores, investidores e demais stakeholders.

No Brasil, a contabilidade societária segue princípios estabelecidos pela Lei das Sociedades por Ações (Lei nº 6.404/76), que define regras para a elaboração das demonstrações contábeis e a prestação de contas aos sócios e acionistas. Além disso, os pronunciamentos do Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC), alinhados às normas internacionais IFRS (International Financial Reporting Standards), asseguram a padronização e a comparabilidade das informações financeiras, facilitando a transparência e o acesso ao mercado de capitais.

As demonstrações financeiras são a principal forma de comunicação da empresa com seus investidores e órgãos reguladores, refletindo o balanço patrimonial e situação financeira do negócio em determinado período, detalhando seus ativos, passivos e patrimônio líquido. A demonstração do resultado do exercício (DRE) apresenta as receitas, despesas e o lucro ou prejuízo apurado. Já a demonstração do fluxo de caixa (DFC) permite avaliar a capacidade da empresa de gerar e administrar recursos financeiros, enquanto a demonstração das mutações do patrimônio líquido (DMPL) evidencia as mudanças no patrimônio da companhia ao longo do tempo. Não sendo esses relatórios apenas exigências formais, mas sim ferramentas estratégicas para a gestão empresarial.

Outro fator essencial da contabilidade societária é seu impacto na gestão tributária, pois o regime tributário escolhido – Lucro Real, Lucro Presumido ou Simples Nacional – define a forma como os tributos são apurados e pagos, tornando o planejamento contábil fundamental para evitar excessos na carga tributária ou riscos de autuações fiscais. As empresas que utilizam a contabilidade como um instrumento de planejamento otimizam seus impostos, melhoram sua liquidez e garantem maior competitividade no mercado.

Com a recente chegada da reforma tributária, a contabilidade societária ganha ainda mais relevância. Assim, a proposta de substituição de tributos como PIS, Cofins, ICMS, ISS e IPI pelo Imposto sobre Valor Adicionado (IVA) representará uma mudança estrutural na forma de apuração de impostos no Brasil, uma transição que exigirá ajustes na escrituração contábil, no controle de créditos tributários e na precificação de bens e serviços. Empresas que não estiverem preparadas para essa nova realidade poderão enfrentar dificuldades no cumprimento de suas obrigações fiscais e impactos significativos em sua rentabilidade. Assim, a contabilidade societária será um pilar essencial para garantir uma transição segura e eficiente para o novo modelo tributário.

Assim, além de garantir conformidade regulatória, a contabilidade societária também desempenha um papel fundamental na credibilidade empresarial, de modo que as empresas que mantêm registros contábeis claros e precisos conquistam maior confiança de investidores, parceiros comerciais e instituições financeiras, facilitando o acesso a crédito, melhorando as condições de negociação e fortalecendo a imagem corporativa. Além disso, em um mercado competitivo, a boa gestão contábil pode ser um diferencial que define o sucesso ou o fracasso de uma empresa.

Portanto, a contabilidade societária não deve ser vista apenas como uma exigência burocrática, mas como um elemento essencial da gestão e do crescimento empresarial. Quando bem estruturada, permite que as empresas tenham maior controle sobre suas finanças, evitem riscos desnecessários e aproveitem melhor as oportunidades do mercado, onde mais do que números em balanços, a contabilidade societária é o reflexo da trajetória, da solidez e do futuro de cada organização.

Fonte – Portal Contábeis